O consórcio Águas de Fortaleza, a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) e a Superintendência Estadual do Meio Ambiente(Semace) visitaram, no mês de agosto, três plantas de dessalinização em Israel. Todas com a mesma tecnologia de filtração por osmose reversa que terá a Dessal do Ceará. Conhecer os sistemas no país do oriente médio, deverá auxiliar na etapa de avaliação para o licenciamento ambiental do projeto previsto para Fortaleza.
Por ser a primeira planta de dessalinização da América Latina com escala de produção de mil litros de água por segundo (1m³/s), a Dessal do Ceará desperta curiosidades sobre a sua operação e seus impactos ambientais. O benchmarking, realizado em Israel, teve o objetivo de demonstrar como o processo de dessalinização ocorre e também de buscar inovações para tornar mais eficiente e sustentável a proposta concebida pela Cagece para a garantia hídrica na capital cearense e na região metropolitana.
Carlos Alberto Mendes, superintendente da Semace, explica que o conhecimento sobre o empreendimento é essencial para que o órgão ambiental consiga se posicionar de forma segura e exigir medidas mitigadoras, planos e programas necessários. “A visita a Israel foi importantíssima porque podemos perceber, num país extremamente experiente em dessalinização, que essa é uma atividade relativamente simples sobre o aspecto de operação, que de fato não há grandes impactos. O aspecto de maior complexidade seria a sua construção”, declarou.
Israel é um país que começou a operar a sua primeira planta de dessalinização em 2005 e atualmente possui cinco sistemas, garantindo segurança hídrica para o consumo humano, agricultura e indústria. O controle de ruídos e a dispersão da salmoura são as principais preocupações da Semace. “No entanto, percebemos que tudo isso é passivo de controle, de mitigação e é isso que iremos cobrar da planta de Fortaleza”, afirma Carlos Alberto.
Segundo Raul Tigre, engenheiro e fiscal de contrato da Cagece, sobre a probabilidade da operação do sistema ocasionar barulhos nas proximidades de sua área de instalação, as experiências em Israel comprovam que é possível que não haja interferências sonoras externas à planta de dessalinização.
Já com relação ao lançamento da salmoura, os estudos e monitoramentos que são feitos a cada seis meses pela IDE Technologies, a empresa israelense de dessalinização, demonstram que a dispersão do concentrado no mar é quase imediata. “Ainda assim, eles possuem várias linhas de pesquisa para reaproveitar a salmoura. Mas até agora nenhuma é financeiramente viável. Atualmente, o ideal mesmo é seu lançamento ao mar”, afirma Raul Tigre.
Os Estudos e o Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) da Dessal do Ceará apontam impacto considerado mínimo no lançamento da salmoura, com apenas 1 miligrama de salinidade na água a uma distância de 13 metros de distância do emissário.
Melhor eficiência energética
Das características tecnológicas e operacionais da dessalinização em Israel que também serão incorporadas pela Dessal do Ceará, destacam-se inovações para uma melhor eficiência energética da planta. “O que gasta mais energia nesses sistemas são as bombas de alta pressão durante a filtração por osmose reversa para a retirada da salmoura. E lá em Israel, existe um sistema que consegue reduzir em torno de 40% a 50% o custo energético desse processo na planta. Essa mesma tecnologia será adotada aqui”, afirma Raul Tigre.
Ele destaca ainda que toda a energia da Dessal do Ceará será adquirida pelo Mercado Livre de Energia e, prioritariamente, de uma matriz 100% verde e de fontes renováveis. “Com isso, a pegada de carbono será reduzida e junto com esse sistema de redução de consumo de energia no processo de osmose reversa, nós vamos conseguir baixar ainda mais o consumo energético total da planta”, garante o engenheiro da Cagece.